DIRETORIA
DE ENSINO- SUZANO
“Os
Surdos podem fazer tudo o que os Ouvintes fazem exceto ouvir!”
Autores:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Rogata
Ap. Atanes Netto
Leila Ap. Schmidt
RESUMO
Este artigo, baseia-se na Live: “Os
Surdos podem fazer tudo o que os ouvintes fazem, exceto ouvir!”, a mensagem
passada nesta Live, parte de um olhar de uma professora Surda, falando sobre o
que significa ser Surda, quais são as barreiras que existem no processo de
Ensino e Aprendizagem, quais são as dificuldades vivenciadas, ao se descobrir
Surda, como conquistar o seu espaço, como é adquirir a representatividade de
ser Surda, politizada, Professora! O que e necessário para ressignificar a
Educação de Surdos? O que significa Ouvintismo? Como nós Ouvintes, podemos
ensinar alunos Surdos? O que devemos mudar para evitar Sofrimento aos alunos
com surdez? O que significa a frase: “Carinho é tocar o mundo do outro com respeito”!
Valorizar o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa Surda, analisar as diversas
barreiras que atrapalham e atrasam o seu desenvolvimento, avaliar estratégias
que favorecem o processo de ensino e aprendizagem em uma perspectiva inclusiva,
aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser,
uma análise dos Quatro Pilares aplicados aos alunos com Surdez. Ao nos
basearmos nas vivências e percepções do povo Surdo, carregamos de significado a
sua existência, além de criarmos uma Relação Dialógica a fim de entendermos
como eles pensam, para podermos auxiliá-los verdadeiramente.
Palavras Chave: Surdos, Ouvintes,
Alunos com Surdez, Professora Surda, Ouvintismo, Representatividade Surda,
Carinho, Quatro Pilares.
Ao definir e enfatizar: Surdez, Surdo,
Povo Surdo, entramos em contato com as especificidades do povo Surdo que se
diferencia de nós Ouvintes.
Segundo Perlin (1998, p.54), os
surdos, quando iniciam a convivência com outros surdos, participam desses
desabafos. Porém, por muito tempo, não havia o entendimento de que alguns fatos
fazem parte do que é hoje denominado Ouvintismo. Havia, apenas, uma frase que
era comentada entre a comunidade surda: “Ouvintismo é como ouvintes dominam
surdos, surdos precisam copiar a identidade ouvinte”, mas não se tinha uma
analítica sobre essa experiência.
A luta do Surda pela conquista de
seus direitos e também de ter um Professor Interlocutor fluente em Libras, para
que possa ajuda-lo, bem como uma metodologia para o ensino de Língua portuguesa
para Surdos, que respeite a Língua mãe dos Surdos que é a Libras. A valorização
e o respeito ao Povo Surdo enfrentam um discurso social baseado no Ouvintismo,
de que o Surdo era visto como Deficiente e não diferente. Entendemos como
característica primordial do Ouvintismo a metodologia do oralismo ao povo
surdo, um erro que aconteceu porque s ouvintes quiseram decidir o que seria
melhor para o ensino de Surdos.
Segundo a pesquisadora gaúcha,
Gladis Perlin, é um processo extremamente doloroso reviver a própria história
em busca de pesquisa. Para ela, o processo pessoal de construção e
desconstrução de valores, conceitos, visões de mundo, cultura, língua é longo e
sofrido, porém é legitimo e seu valor é imensurável.
Ao pensarmos nas Competências
Socioemocionais como capacidades individuais que se manifestam nos modos de
pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo
mesmo e com os outros, pensamos em como os alunos Surdos devem desenvolver
essas capacidades. Ao estabelecer
objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou recentes, pois as
mesmas são observadas em nosso padrão de ação e reação frente a estímulos
sociais e pessoais. A persistência ao tentar atingir um objetivo e não alcançar
resultados esperados, a assertividade em se colocar, apresentar o seu ponto de
vista, a empatia, saber se colocar no lugar do outro, a autoconfiança e a curiosidade
para aprender.
Algumas Competências são
consideradas híbridas como a Criatividade e o Pensamento Crítico, pois envolvem
habilidades socioemocionais e cognitivas.
Como nós Ouvintes podemos
auxiliar o Surdo a enxergar a Autogestão na relação com os Ouvintes? O quanto
ele precisa ser determinado, organizado, persistente, o quanto ele precisa
manter o foco, o quanto ele deve demonstrar que é responsável.
Estamos em uma Educação
Inclusiva, mas na interação entre Surdos e Ouvintes, como o Surdo comanda o
Engajamento com os Outros? Como se dá a Interação Social? De que forma ele
manifesta a sua Assertividade bem como o seu Entusiasmo?
Em relação a Amabilidade, de que
forma demonstra Empatia, Respeito e Confiança? E como podemos auxiliá-lo nesse
aspecto?
Ao pensarmos em Resiliência
Emocional, como podemos evitar que a Sala de Aula regular seja estressante ou
frustrante, de que forma podemos auxiliá-lo na tolerância ao estresse, na
autoconfiança e na tolerância à frustração?
Para estar aberto ao novo, temos
que estar seguros e a vontade, como transformar o espaço escolar em um lugar no
qual os Surdos demonstrem Curiosidade para Aprender, Imaginação Criativa e
Interesse Artístico.
O interesse dos Ouvintes em
auxiliar é importante, mas temos que ter a humildade de entender de que quem
está apto para demonstrar o melhor caminho é a Pessoa com Surdez, pois somente
ela conhece todos os percalços e dificuldades pelos quais o Surdo irá passar,
nós Ouvintes, devemos nos colocar a disposição, porém sem voz ativa, pois nesse
espaço somos Espectadores, os quais devem aprender junto aos Surdos, quais os
melhores caminhos a serem trilhados em sua caminhada.
Como incluir de fato o aluno
Surdo quando se trata de Educação Inclusiva?
Parafraseando os Quatro Pilares
da Educação, podemos olhar para cada um dos pilares e imaginar como fica a
inclusão do aluno Surdo. Por exemplo:
Aprender a conhecer
– Está ligado a competência cognitiva, é o conhecer, voltado a cognição ao conhecimento,
podemos então imaginar que para aprender a conhecer, devemos entender, devemos
compreender e dominar as técnicas que envolvem a aprendizagem do aluno Surdo. Entender
que como a Libras é diferente da Língua Portuguesa tanto no aspecto Morfológico
quanto no aspecto semântico, não avaliar o aluno Surdo como incapaz, mas
entender que o pensamento dele se dá de forma diferenciada.
Além do que é necessário dominar
as técnicas que envolvem a aprendizagem dos alunos Surdos para que as mesmas
favorecem as Relações dialógicas assim como o Relacionamento Interpessoal dos
Surdos com os professores e com os colegas ouvintes.
Devemos entender que para a
aprendizagem tudo conta, tudo o que ressignificar o olhar do aluno, vale a
pena, por isso na construção de conhecimentos, devemos selecionar a
significância das informações que possam ser contextualizadas com a realidade
dos alunos mesmo em diferentes línguas ou em bimodalismo o aluno Surdo
verificar a informação em Libras e em Língua Portuguesa ao mesmo tempo.
Aprender a fazer
– Já este pilar está ligado a Competência procedimental, vai ao encontro do
procedimento, sendo por isso necessário na formação profissional e no preparo
do mundo do trabalho. O aluno Surdo é mais observador? Como se expressa? Se
pensarmos nos Anos Iniciais, a importância de colocar em prática os
conhecimentos significativos experienciar, verificar, pesquisar, tudo isso faz
com que o aluno desperte a criatividade e exerça a cooperação.
Aprender
a conviver - Este pilar está ligado a Competência Social,
como podemos estimular a Competência Social do aluno Surdo? O primeiro pilar
irá criar as bases necessárias para aprendermos a conviver juntos. Isto
inicia-se com o respeito, só respeitando o outro para sermos respeitados. Aumentar
o autoconhecimento e a autoestima dos alunos surdos irá favorecer esta
competência.
Aprender
a ser- Este pilar está ligado a competência pessoal, a
sensibilidade, ao sentido ético, estético e a responsabilidade pessoal.
Valorizar o aluno Surdo e valorizar a sua autonomia e criticidade auxilia muito
o desenvolvimento desta competência.
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Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Professora
Talita Nabas, como fica a representatividade do Surdo em uma Sociedade
Ouvintista? Ninguém
melhor do que um surdo, para falar sobre o desenvolvimento de uma pessoa com
Surdez e sobre a sua Representatividade em uma Sociedade Ouvintista.
Professora Talita Nabas – Eu
agradeço a participação nesta formação e acho muito importante essa discussão
sobre o “Lugar do Surdo”? As vezes o Surdo fica um pouco perdido, sobre o papel
que ele exerce, o lugar dele? Sou formada em letras e tenho Pós-Graduação em
Ed. Especial com ênfase em Surdez, então como o Surdo adquire a Língua
Portuguesa, como ele aprende, como ele adquire a língua materna? Como ele
aprende a língua de sinais? Porque os alunos Surdos são diferentes em seu
desenvolvimento, sua aprendizagem? As vezes as pessoas pensam assim: Qual é a
estratégia melhor com foco nesse aluno? Isso é importante porque existem
diferenças entre os alunos surdos e ouvintes, as línguas são diferentes, a
língua de sinais é totalmente diferente da língua portuguesa, as estratégias
também precisam ser diferentes. É muito importante você pensar como seria o
mundo visual? Para que consiga entender como o Surdo visualiza as questões, é
importante você pensar nesta questão da empatia, de qual experiência o surdo
tem? Como é essa experiência visual que ele tem? Como ele percebe visualmente o
mundo, para que você possa mostrar.
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Deixa eu dar uma explicação para vocês, na
Interpretação de Libras, existe um tempo que o intérprete precisa dar e aí
fazer a interpretação em Libras, por isso esse tempo na fala da Renata, porque
ela precisa ver a Libras da Talita e ela precisa fazer esse processo de
tradução para a Língua Portuguesa, por isso essa demora, esse Delei, para nós
podermos passar para vocês aquilo que a Talita está falando, está certo? Por
isso que eu demoro um pouquinho para falar e a Sharon para interpretar, é a
mesma coisa, a Talita começa a fazer a fala em Libras e a Renata precisa fazer
a Leitura e passar para a Língua Portuguesa, está bom? Eu assisti um vídeo que
a Talita colocou numa página dela e eu achei que é muito importante uma fala
que ela diz assim: “Carinho, é tocar o mundo do outro com respeito”! a
definição de carinho que a Talita colocou me surpreendeu, tocar o mundo do
outro com respeito, isso é carinho! Eu vou aproveitar e perguntar para a Talita
se na experiência dela, na vida escolar, onde a maioria era ouvinte, volto a
dizer numa sociedade Ouvintista, faltou carinho para ela?
Porque aqui quando a gente faz essa conversa, é
sempre com a intenção de respeitar o outro, respeitar o direito do outro, a
condição do outro, sem fazer qualquer tipo de discriminação, e por falar nisso
quero aproveitar aqui a fala e agradecer as diversas manifestações de carinho
que nós recebemos, a equipe de Ed. Especial, a Renata foi muito elogiada, pela
primeira formação que nós fizemos, eu queria só mandar uma mensagem para os
nossos Professores, porque houve uma fala na primeira gravação, que nós citamos
a APEOESP, eu queria dizer aqui que nós temos um bom diálogo com a APEOESP,
somos militantes da Comunidade Surda, e a APEOESP representa a militância dos
docentes, e numa das falas da Professora Renata, ela citou que muitas vezes, eu
enquanto Supervisora, falo com os Professores, que querem trabalhar com a
Libras, a importância da Proficiência e muitos que tem uma formação de Pós-graduação,
não tem a Proficiência, e eu sempre faço uma conversa com esse Professor
dizendo sobre o que ele vai enfrentar em sala de aula, e sempre digo a ele que
o Surdo merece respeito, não basta conhecer o Alfabeto em Libras para atuar
como Professor Interlocutor, e muitos se sentem afrontados e buscam apoio na
APEOESP.
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Você pode falar sobre os três tipos de escola,
Professora Talita Nabas?
Professora Talita Nabas
Sim, eu sou oralizada, eu conheço a sua língua, vc
conhece a minha? Uma provocação apenas.
Nós temos três tipos de escola: a escola regular,
com o Professor Interlocutor, ela não tem modelo de aluno surdo, o Professor da
escola regular, também não tem uma experiência para ensinar o aluno surdo. Para
o trabalho se desenvolver á necessidade do Interlocutor para fazer este elo. Eu
estudei na escola regular e passei por isso, me sentia desta forma na escola
regular, sem vínculo. Ás vezes o professor vai avaliar o aluno surdo e o
professor não sabe, não, não, não, o tempo todo, há necessidade de ter muita
cautela, muito cuidado com tudo isso. Existe a questão visual, das adaptações
que necessitam ser feitas, dentro da metodologia visual. A família tem o
direito de escolher, ela escolhe a escola regular. Na segunda escola, a escola
Polo, o que acontece de diferente tem as salas Polo, o Português é a 2ªlíngua e
a Libras é a 1ª Língua. Por exemplo, no 7º ano, há uma quantidade de alunos
surdos e ouvintes, é bem melhor sim, pois o Professor já tem o contato e as
metodologias voltadas as adaptações. Vai verificando o que funciona e o que não
funciona. O intérprete é o apoio, no Polo , há responsabilidade do ensino de
Língua Portuguesa. A terceira escola é a bilíngue, no Estado de são Paulo não
tem escolas bilingues, na Prefeitura tem. Como funcionam estas escolas
bilingues, mais importante é que tudo é voltado para a Libras, e isso é o mais
importante, ali é primordial que se tenha língua de sinais e isso acontece de
forma muito natural. Os Surdos começaram a se perceber como Sujeito de
Aprendizagem, ela pode se constituir, pois o Surdo tem modelos. E isso auxilia
a criança na aquisição da identidade, do mundo surdo.
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Muito bom Talita, eu gosto muito quando um Surdo se
empodera, gosto da Representatividade Surda, ela explicou muito bem a questão
da escola bilíngue, a terceira escola é a escola especial, ainda temos algumas.
Na verdade, a Escola Bilingue, ela vai muito além do
que fazer uma escola Polo e colocar todos os surdos estudando juntos. Por ex:
Vamos pegar os Surdos da Região Central: Batista Renzi, a escola Justiniano, Luiza Hidaka, Antonio
Rodrigues de Almeida, Luís Bianconi também, não é isso, colocar os Surdos todos
numa mesma escola não significa ter uma escola bilingue, a escola bilingue
começa no portão da escola, e ela passa por todos os funcionários, que deverão
conhecer a língua de sinais, fazer uso dela, ela vai na formação dos
profissionais que ali estão, é uma escola com alunos Ouvintes e alunos Surdos,
é uma proposta, é uma escola defendida pelos Surdos. Por falar em escola
Bilíngue, o tema desta formação, nós escolhemos uma frase: “Os Surdos podem
fazer tudo o que os ouvintes fazem, exceto ouvir”, esta frase é de um Surdo da
Galladeut University que é uma Universidade para Surdos, fica na Califórnia-
EUA.
Baseada nessa frase Talita, você acredita que numa
Sociedade Ouvintista que mascara o preconceito, é possível o Surdo ser e fazer
o que quiser? Quais são as principais barreiras que a pessoa surda encontra na
vida, que a impedem de que ela seja tudo o que quiser ser?
Fala pra gente um pouquinho destas barreiras, o
Surdo é capaz de ser tudo o que ele quiser ser?
Já vou colocar aqui para todos os professores, o
Surdo não possui Deficiência Intelectual. Eu sempre ouvi a seguinte frase: ele
não é só surdo, ele tem algum outro problema...Olha só como ele fala!...Olha só
o comportamento dele!.... Não é possível, ele não é só surdo....
Eu posso afirmar que a maioria, a grande maioria é
só surdo! A Deficiência Intelectual associada nós temos em um ou outro caso,
ok!
Então, eles podem mesmo Talita, ser tudo o que eles
quiserem? Exceto ouvir néh, ele só não pode ouvir...
Você confirma isso e como você vive isso no seu
dia-a-dia Talita?
Professora Talita Nabas
Sim, eu concordo, o Surdo
consegue fazer tudo, ele pode fazer qualquer coisa que ele queira sim. As vezes
a percepção de mundo, um movimento, ele vai percebendo visualmente, a maioria
dos Surdos, eles não têm som mesmo, geralmente é visual a maioria, e eles te
orientam percebendo o mundo visualmente.
Agora sobre a questão desta
Sociedade preconceituosa, sistema preconceituoso, esse preconceito estrutural,
por exemplo, quando a gente fala dos negros, dos surdos, é a mesma coisa, a
gente se identifica muito é a mesma situação, isso é uma coisa muito enraizada
isso, é uma discussão muito profunda, vamos pensar, na escola regular, em vez
de usar a apalavra regular usamos a palavra normal, mas porque a gente usa este
termo normal?
Uma Escola bilíngue não é
normal? Ela não tem pessoas normais lá dentro? São pessoas anormais? são coisas
diferentes, isso é a palavra que a gente usa no Português e isso e um
preconceito! Nós precisamos adquirir o habito de entender os significados e
usar o significado de regular por exemplo. Escola Bilíngue é uma escola
Especial hummmm... é diferente, a escola bilingue é diferente!
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Talita, o Surdo pensa em
imagens e o que acontece quando alguém passa em frente do Intérprete quando
este estão interpretando?
Professora Talita Nabas
Bom, estou pensando aqui como
vou responder, então vamos começar a pensar num tema sobre o mundo, lembra o
que eu falei sobre tocar o mundo do outro...
Se o Intérprete não tem
respeito pelo Surdo, se pensarmos nas questões sociais, na comunidade, no grupo
social, elas não conhecem Libras, porque que o surdo é nervoso, acha que falta
consciência..., mas falta contato com o Surdo, as pessoas não sabem o que
acontece com o Surdo... acaba fazendo errado. Uma pessoa ouvinte como o Surdo
percebe? O profissional Intérprete se ele está trabalhando, interpretando, como
é esse lugar? Como está a visualização do Surdo? Quando alguém passa na frente
é como se tirassem o campo visual, por ex: se a luz apaga, atrapalha a
comunicação, perde o foco, por exemplo a questão da acessibilidade, não nem
sempre isso acontece, precisa saber antes se o lugar está bom, se a iluminação
está boa... é importante que o Intérprete consiga visualizar na sala de aula.
Professor geralmente fala enquanto explica e o Intérprete fica desesperado pois
não consegue pegar a informação e passar para o Surdo, qual a posição que fica
sentado em frente ao Surdo, essa preocupação com o mundo é perceber... isso é
carinho... isso é cuidado!
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Para concluir Talita, todos os
artistas fazendo Live e colocando a tela com o Intérprete, isso não significa
acessibilidade. Da forma como está acontecendo na Pandemia, o que você deixaria
como sugestão aos nossos Professores, para melhorar ainda mais na sala de aula,
para que o aluno surdo tenha a sua aprendizagem garantida, já colocando a sua
opinião sobre as Lives que estão ocorrendo?
Professora Talita Nabas
As diferentes formas sobre as
questões visuais, os desenhos, as fotos, não é o fato de não ter som, e coloca
lá a imagem. As pessoas precisam pensar
que os Surdos precisam do visual, cores, movimento, didática visual, o que
significa o desenho, como que se percebe isso? Visualiza aquela situação, tenta
entender como se compreende aquela situação, aquela janelinha minúscula, quase
saindo do vídeo. O Surdo visualiza todo o conjunto da situação e a janela
minúscula, fica sem sentido. Teve uma Live da Ludmila que a mesma caiu na
piscina, os Surdos perceberam isso, perceberam o memento da queda, o movimento,
mas na janelinha do intérprete, o Surdo não entendeu a interpretação na
janelinha, opinião pessoal minha, eu não gosto, parece não haver
acessibilidade, as pessoas respondem que tem Intérprete, ok! Mas a comunicação
efetiva, falta não chega para o Surdo. Essa janela precisa ser ampliada, aquela
janelinha pequenina eu acho errado! Já agora finalizando eu queria dar uma dica
para os Professores que estão assistindo, não tem problema se você for de
Ciências, matemática, Interlocutor, não tem importância, você tem um papel de
representar, o papel que você representa é muito importante, tudo o que você
sabe , você mostra para o aluno e ele vai copiando o modelo de você enquanto
professor, você tem essa troca, esse relacionamento, esse compartilhar, no
carinho para a pessoa Surda. O Planejamento, as estratégias visuais, algumas
adaptações, não pode só letra, letra, letra, são muito importantes, como que eu
Professora, toco o mundo do Surdo, como exercer essa Empatia, essa reciprocidade
de tocar um ao outro, depende de quem? depende de você professor, eu quero
agradecer de novo a Bete pelo Convite, a Renata pela voz
Supervisora:
Elisabete Gomes Benatti Ramos
Eu
estou rindo dos ruídos da nossa comunicação, e pensando com a minha cabeça de
ouvinte, como é difícil para a Renata, como é difícil para a Renata fazer essa
comunicação.
A Sharon também, isso exige do Intérprete uma tensão
muscular, quanto da concentração, também pensando com a minha cabeça de
ouvinte, esse vácuo, esse silêncio, a vida do Surdo é assim depende da imagem,
uma vez eu estava interpretando e ninguém me avisou que haveria um Teatro, e
apagaram a luz, eu levantei e disse aos Surdos para irem embora, e outra vez eu
tive que disputar o espaço com uma árvore de natal, então professor Intérprete
, professor Interlocutor, exija respeito na sala de aula, exija respeito, muito
obrigada, Renata, Sharon, e cuidado com os pré-julgamentos, estamos aqui a
trabalho, Leila, muito obrigada, Talita muito obrigada, eu amo você, todos nós
somos importantes.
Referências Bibliográficas
PERLIN, G. –
Histórias da vida Surda- identidades em questão- Dissertação (Mestrado)
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.
https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises.html?gclid=Cj0KCQiAifz-BRDjARIsAEElyGIGYfusJe_dGCqeVtFMxoZnFV6Ibf6Z-b_zE-O4yuRRVm16XIpC-g0aAkWbEALw_wcB- Acesso em
10/11/2020.
DELORS, J. Educação: um tesouro a
descobrir. 2ed. São Paulo: Cortez Elabore três tipos de fichas (citação, resumo
e analítica) com base no texto: “Os 4 pilares da Educação” de Jacques Delors.
Brasília, DF: MEC/UNESCO, 2003.
DORON,
Roland; PAROT, Françoise. Dicionário de Psicologia. São Paulo:
Ática, 2001.
WILCOX, S; WILCOX , P. P. Aprender a
ver. Petrópolis – Rio de Janeiro: Arara Azul, 2005.
SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão:
Construindo Um a Sociedade Para Todos. 3ª edição. Rio de Janeiro: WVA, 1999,
174p.
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